ATA DA QUADRAGÉSIMA NONA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 03.12.1991.

 


Aos três dias do mês de dezembro do ano de mil novecentos e noventa e um reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Quadragésima Nona Sessão Solene da Terceira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Nelcy Soares de Oliveira, concedido através do Projeto de Resolução nº 55/90 (Processo nº 2423/90), de autoria do Vereador Nereu D’Ávila. Às dezessete horas e quinze minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Vereador Airto Ferronato, Vice-Presidente da Casa; Senhor Nelcy Soares de Oliveira, Homenageado; Senhora Rosa Irene Cauduro de Oliveira, Esposa, Paulo Ricardo e Carmen Sylvia, Filhos do Homenageado; e Vereador Nereu D’Ávila, Secretário “ad hod”. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Nereu D’Ávila, em nome das Bancadas do PDT, PT, PDS, PMDB, PTB e PFL, relatou experiências pessoais de Sua Senhoria junto ao Lions Club, destacando a atuação do Senhor Nelcy Soares de Oliveira no movimento leonístico na Cidade e, saudando-o, expressou como merecida a homenagem. Após, o Senhor Presidente registrou o recebimento de correspondência referente ao evento, do Senhor Governador do Estado, passando-a às mãos do Homenageado, bom como, as presenças do Senhor Leonardo Rodenbrock e Esposa, no Plenário. A seguir, o Senhor Presidente convidou o Vereador Nereu D’Ávila para fazer a entrega do Diploma de Cidadão Emérito ao Senhor Nelcy Soares de Oliveira. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Homenageado, que agradeceu pelo recebimento do Título Honorífico de Cidadão Emérito por esta Casa. Após, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e doze minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Airto Ferronato e secretariados pelo Vereador Nereu D’Ávila, Secretário “ad hoc”. Do que eu, Nereu D’Ávila, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.

 


O SR. PRESIDENTE: Declaro abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a entregar o título honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Nelcy Soares de Oliveira, através do Requerimento nº 55/90, Proc. 2423, da iniciativa do Ver. Valdir Fraga, nesta Legislatura pelo Ver. Nereu D’Ávila, foi aprovado pela unanimidade da Casa.

Senhoras e senhores, para mim é motivo de satisfação presidir esta Sessão destinada a homenagear o Sr. Nelcy Soares de Oliveira, natural do Alegrete, o nosso homenageado é ex-Vereador daquela localidade por duas Legislaturas, tem pautado sua atuação em prol da comunidade, especialmente através do Lions Club, do qual foi seu sócio-fundador e presidente em sua terra Natal.

Convidamos a todos para que, de pé, ouçamos a execução do Hino Nacional.

 

(É executado o Hino Nacional.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos a palavra ao Ver. Nereu D’Ávila, que falará em nome das Bancadas do PDT, PT, PDS, PMDB, PTB e PFL.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: (Menciona os componentes da Mesa.) Sr. Roberto Macedo, genro do homenageado; Srs. Rodrigo e Carina, netos do homenageado. Tenho a honra, neste instante, de falar em nome, além da minha Bancada, o PDT, da qual sou o Líder, que é majoritária nesta Casa, com 13 Vereadores, tenho a honra de falar em nome do PT, PDS, PTB, PFL e PMDB. Portanto, falo em nome da Câmara Municipal de Porto Alegre.

Quero neste momento destacar que a proposição original, embora a tivesse subscrito com muita honra, foi do ex-Vereador Valdir Fraga, hoje Deputado Estadual e que deve, dentro de instantes, estar conosco, porque é de sua vontade participar da outorga do título ao também seu amigo Nelcy Soares de Oliveira.

Mas, de outro lado, confesso que quando soube da outorga do título para mim foram especiais as circunstâncias de poder dar continuidade, mesmo na ausência do Valdir, porque se tratava de um leão e de uma domadora, então eu que durante anos pertenci ao movimento leonístico, como a maioria que está aqui bem sabe, para mim foi particularmente simpática a idéia e familiar; até agora, antes de eu assomar à tribuna estava pensando que, neste momento, poderia proferir uma instrução leonística ao Nelcy Soares de Oliveira. Examinando o currículo do Nelcy, eu também achei engraçada a circunstância, de eu saudar um Maragato, coisa que nunca havia me passado pela cabeço, eu que sou visceralmente oriundo de família trabalhista, petebista, tanto que lidero, aqui, a Bancada do PDT, o que muito me orgulha. Mas, então, é claro que as circunstâncias mudaram e hoje vivemos numa democracia pluralista e aberta, e disto nos honramos. Mas, no passado remoto, quando eu era criança, falar em Maragato para as famílias adversárias lá da minha Soledade era realmente uma circunstância da época bastante estranha. Eu cito isso como uma circunstância histórica, a verdade é que as coxilhas rio-grandenses do século passado e que ficaram manchadas de sangue daquelas lutas entre Chimangos e Maragatos, entre lenços brancos e vermelhos está, definitivamente, sepultada por um pluralismo que avançou, graças a Deus, e que hoje vemos com muita satisfação, como ontem, aqui, com esta Casa também lotada, foi outorgado o título ao Ibsen Pinheiro, Presidente da Câmara Federal, e ele, hoje um dos grandes luminares desta república, disse que devemos “fortalecer as dissonâncias partidárias, as diferenças partidárias devem ser preservadas, mas estas não impedem que a solução do País passe por um grande entendimento acima das diferenças partidárias. Então eu só cito essas circunstâncias porque vi o Nelcy, lá em Alegrete, foi Vereador, em 1955, inclusive o mais votado e reeleito pelas hostes Maragatas, o que é uma circunstância que também enobrece, Nelcy, porque ao contrário do que muitos pensam, a questão da política, de religião, do Lions, a que pertenci e tal, ela deve ser relativizada e revisada, porque na verdade todos têm que ter um posicionamento político, não necessariamente, evidentemente um posicionamento político-patidário, porque ninguém tem o direito, hoje, e principalmente setores com responsabilidade na sociedade, como o Leonismo, tem o direito de omitir-se, tais as gravidades por que os brasileiros estão passando. Mas o teu currículo, Nelcy é muito forte, ele é cheio, recheado de méritos que realmente fazem de ti merecedor desse Título que a Câmara hoje te outorga de Cidadão Emérito de Porto Alegre. Talvez a circunstância do Diploma, talvez oficialize aquilo que de fato já acontece com aqueles que, prestando serviços de qualquer meio, seja ele clube de serviços, clubes sociais, sindicatos, clubes comunitários, clubes de mães, ou seja, qualquer circunstância em que a pessoa não se preocupe com o seu egoísmo, mas que viva o seu mundo e se preocupe com a sua sociedade, os seus irmãos, a sua confraria, isso já delimita que essa pessoa tenha uma visão socialitária, uma visão comunitária, uma visão não egoística.

Afora as questões de cunho pessoal, que seria despiciendo exaltar neste momento, é evidente que eu circunscreveria como o disse Ortega y Gasset: “O homem é as suas circunstâncias”. Então nós só podemos considerá-lo na sua totalidade cósmica, se inserido dentro do seu contexto de vida. E aí entra a participação do Leonismo. E do Leonismo eu gosto de falar, do Leonismo eu entendo, porque nele não fui apenas um comparecedor de jantares ou de assembléias festivas, nele eu trabalhei, nele eu pugnei, e dele muito aprendi. Inclusive ainda hoje, almoçando numa circunstância do Sindicato dos Lojistas, sentei-me à mesa do Leonardo Schreiner, filho do velho Schreiner do Navegantes São João. Grande leão, grande pessoa, grande personalidade, cujo nome, neste momento, dobro a língua para citar. E foi ele, o Schreiner, que, na época, patrocinou aos Lions e a mim um programa de rádio, que eu sustentei durante 2 anos, na Rádio Difusora, o “Lions em Ação”. E o Schreiner já havia-me concedido o privilégio da sua empresa patrocinar o programa de televisão, cujo contato eu já havia feito com um dos canais, para levar o Lions à televisão, por quê? Porque eu sempre achei e continuo achando agora mais do que nunca ao ver o Lions de fora para dentro, que o Lions não tem projetado na sociedade a sua verdadeira dimensão. A sociedade realmente não sabe a imensa dimensão e a potencialidade não aproveitada do leonismo no contexto desta sociedade. E eu sempre entendi, por isso que somente publicizando essa circunstância é que eu criei, produzi, apresentei durante 2 anos completos na Rádio Difusora, na época, o programa “Lions em Ação”. Ia levar à televisão, quando por circunstâncias outras tive que deixar o movimento. Mas continuei prestando atenção e acompanhando os lances do Leonismo, e continuo achando que o Lions só é citado na mídia, principalmente na eletrônica, quando faz uma grande campanha. Só que o Lions, as grandes campanhas tem ao lado delas centenas de pequenas grandes campanhas que não são publicizadas e aí não se pode contra-argumentar, porque o Lions não é uma religião, é um clube de serviço que vive com a sua sociedade. Que se faça como Jesus, que com a sua mão direita doe a outra. O Lions não é uma circunstância religiosa, ele é uma circunstância social e das mais importantes.

Então o Nelcy, que veio do Alegrete, onde foi advogado militante até 1966, ele veio para Porto Alegre, aposentando-se inclusive como inspetor federal do ensino secundário e técnico em assunto educacional do Ministério de Educação e Cultura, atualmente aposentado. Mas ele recebe a outorga hoje pela sua circunstância Leonística; então, eu entendo, segundo melhor juízo, que o Nelcy divide com o Movimento Leonísitico este conteúdo de Cidadão Emérito de Porto Alegre. E não poderia ser de outra maneira, porque foi através do seu trabalho no Lions-Independência que projetou-se no movimento algumas formulações dignas da maior credibilidade e da maior homenagem. Entre estas ressalta a sua iniciativa de através de pessoas que ele, por não ser um ser egoísta, como falei no início, mas pelo contrário, mas de ser altruísta, tanto quanto leões, e todas as domadoras do mundo inteiro, ele, num pronunciamento, ele circunstanciou todas as pessoas, e não foram poucas, que o ajudaram a trazer de São Paulo aquilo que, ainda ontem, foi novamente inaugurado no Centro de Porto Alegre, que é o presépio artístico que embeleza a nossa Cidade e principalmente o Centro da Cidade, hoje tão descaracterizado daquele carinho humano que em outras épocas foi o apanágio da Rua da Praia, da Borges e de outras artérias centrais. Quando agora foi votado o Símbolo de Porto Alegre, eu defendi que fosse a Rua da Praia o Símbolo da Cidade, como a Calle Florida o é de Buenos Aires, como a Av. Paulista o é de São Paulo. Mas o povo teve outra alternativa: o Laçador, que respeito e acato o veredicto das urnas, como não poderia deixar de ser, até porque a Rua da Praia efetivamente já não é mais o que foi até a década de 70. E ali na Esquina Democrática, que o próprio nome já está dizendo, a nossa artéria mais democrática, mais societária, ali está desde ontem novamente o presépio que o Nelcy deu a iniciativa através do Movimento Leonístico. Mas eu, quando me reportei que deveria hoje usar da palavra para homenagear o Nelcy, eu formulei em minha mente que eu não poderia dissociar de forma alguma o leão do Leonismo, ou o Leonismo e os seus leões e as suas domadoras. Hoje já acrescentado.

Outro dia, eu fui no Ipiranga e vi acrescentado, para surpresa grata minha a circunstância da aceitação também de pessoa do sexo feminino como não apenas domadoras, mas também como sócias-efetivas, o que considerei um avanço, porque nós temos que entender, e nós que temos filhos adolescentes sabemos que embora as suas idiossincrasias pessoais e os seus problemas efetivamente eles são os homens e as mulheres do futuro, e não nós, e temos que neles ver que a modernidade aquela é a modernidade deles amanhã e estarão, e muito em breve, nos nossos lugares, liderando a sociedade nos seus mais multifacetados aspectos. Então, eu acho que há que avançar, há que usar inclusive a agressividade no seu sentido positivo e não apenas um conservadorismo já pré-estabelecido e que pode circunstancialmente não significar, às portas do século 2000, que estamos prestes a encarar. Então, eu creio que a minha saudação aqui ao homenageado, ao Nelcy, a sua família, eu acho que ela deveria extrapolar e derramar-se e dividir-se e espraiar-se com vocês, que eu vejo nos rostos que a maioria aqui são do Movimento Leonístico e com este Movimento ser dividida esta homenagem. E aí eu creio que alguns postulados, por exemplo, do Código de Ética cometido na crítica e farto no elogio, são princípios de ordem moral e imortais, que ao longo do Século serão circunstancialmente apenas referendados, mas que no trabalho de campanhas, por exemplo, há que modificar-se a dinâmica, os seus resultados, porque hoje quem comanda é a mídia. Chegou-se até a afirmar que a mídia – e uma das mais fortes do País – fez um Presidente. Eu não chegaria a tanto, mas que ajudou, quanto a isso não restam as menores dúvidas.

Por isso, Nelcy, em nome do Valdir Fraga, quero dizer que esta Casa, circunspecta, séria, que nós queremos vê-la respeitada pela sua sociedade, porque ontem eu dizia aqui, na homenagem ao Ibsen, que nós, acima de estarmos homenageando um gaúcho, Presidente da Câmara, nós estávamos homenageando o ente político que ajudou a resgatar a credibilidade dos políticos, hoje bastante sucatada, quando, enfrentando posições sectárias, dogmáticas e hostis, conseguiu vencer o lobby do narcotráfico, e não cassando um Deputado, mas extirpando um ente nocivo e lesivo à comunidade da própria credibilidade da Câmara dos Deputados e, por via de conseqüência, do poder político da Nação, já bastante estremecido. E que ele, Ibsen, colaborava, como gaúcho, como nosso irmão, acima de Partido, colaborava com o resgate da credibilidade que é necessária a todos os Parlamentos. Não quero puxar a brasa para o nosso assado, mas vocês são testemunhas de que esta Câmara não têm mordomias, que esta Câmara é proba, e mais: que nós devemos não nos orgulhar disso, porque estamos – nada mais, nada menos – zelando pelo dinheiro que não é nosso, mas que é do suor de todos os rio-grandenses e porto-alegrenses que pagam os seus impostos para que ela seja sustentada. Agora, em relação, em comparação com outros setores da Nação nós nos ufanamos de estarmos rigorosamente dentro destes padrões éticos e morais que os gaúchos têm como seu paradigma.

A vocês Leões, familiares do Nelcy, amigos, domadoras, amigas da família, a todos, a nossa especial atenção, a nossa palavra de carinho por terem vindo prestigiar o nosso homenageado, por terem comparecido aqui para, num gesto fraterno de solidariedade, apanágio daqueles que dentro de um humanismo que nos enseja assegurar que nem tudo está perdido, dentro deste carinho que nos move a todos. Que este momento seja eivado de carinho e emoção para com o homenageado e que tenha o dom de ter uma simbiose de comunicação entre o homenageado e sua família e nós todos, homenageando.

A circunstância de um título de Cidadão Emérito honra a pessoa que é outorgada, mas honra também a nós como representantes do povo de Porto Alegre.

Certamente, alguns de vocês fariam melhor saudação do que este que tenta, desarticuladamente, representar a todos. Mas faço um esforço para, quem sabe, tentando ultrapassar as barreiras do real e do material, buscar, na alma coletiva, aquilo que cada um gostaria de dizer ao Nelcy. E nós todos temos que legar, como responsáveis e Líderes desta sociedade um mundo melhor, bem melhor do que o que nos legaram. E o esforço vale, e o nosso inesquecível Presidente Brasileiro do Lions Internacional, Sobral, na sua legenda de que “faça o ser semelhante sentir-se útil”, adentra como uma luva nesta circunstância, porque somente fazendo o nosso semelhante sentir-se útil, ele valorizará a vida e seus aspectos positivos.

Se por uma lado estamos todos atormentados por momentos muito sombrios, em que uma crise social, indelevelmente acentuada nos preocupa de como dela vamos sair; por outro lado, a circunstância de que a união faz a força, de que a solidariedade consegue impregnar multidões, não há dúvida de que o solidarismo humano e cristão, ele nos ensejará abrirmos novos caminhos para serem seguidos pelos nossos pósteros.

Nelcy, receba de todos nós, os 33 Vereadores de Porto Alegre, a saudação pela circunstância honrosa de receberes o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre e use este título como um galardão de que fizeste jus para recebê-lo, como um homem digno e um concidadão amado e respeitado por todos os teus semelhantes. Que Deus nos ajude a todos. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Informamos ao nosso homenageado e aos senhores que a Câmara Municipal recebeu telegrama do Exmo. Sr. Governador do Estado, Dr. Alceu de Deus Collares, cumprimentando o nosso homenageado e informando da sua impossibilidade de comparecer a esta Sessão por motivos de outros compromissos anteriormente assumidos, assim como esta Mesa recebe, no mesmo sentido, do Sr. Alexandro Aldo, da Agência Consolare de Itália de Passo Fundo. Nós passamos às mãos do nosso homenageado.

Temos a satisfação de informar a presença no Plenário do Sr. Leonardo Vandenkroski, Governador do Lions Club, distrito L-8 do Lions Club Internacional e sua digníssima esposa, Srª Nivete Vandenkroski. Convidamos a todos para que se posicionem de pé, e convidamos o Ver. Nereu D’Ávila para que faça a entrega do Diploma ao Sr. Nelcy Soares de Oliveira.

 

(É feita a entrega do Título.)

 

Concedemos a palavra ao nosso homenageado, Sr. Nelcy Soares de Oliveira.

 

O SR. NELCY SOARES DE OLIVEIRA: Creio na magnanimidade do ser humano, creio na bondade inerente a todos os homens, creio na democracia, insuperável meio de convivência entre os homens, povos e as Nações. Creio em Deus Supremo, arquiteto de todos os mundos. (Menciona os componentes da Mesa.) Meu ilustre e querido Governador Leonardo Vandenkroski, domadora Nizete, que nos dão a satisfação muito grande, em comparecendo a este ato, Governadores de outros anos Leonísticos, aqui presentes com a sua amizade, com o seu cavalheirismo, autoridades Leonísticas, autoridades civis, companheiros, domadoras, leons, laineses dos diversos clubes de Lions, que nos distinguem com suas amáveis presenças, meus distintos convidados especiais de Porto Alegre e de outras Cidades do Estado. Senhoras e Senhores.

Confesso a V. Exª, nobre Presidente, Srs. Vereadores, que estou feliz e imensamente agradecido pela honraria que acabam de me conferir, mediante a outorga do título enobrecedor de Cidadão Emérito da Capital do Rio Grande...

Sou, pois, um homem que tem “ene” motivos para transbordar felicidade.

Efetivamente, todos os grandes objetivos por mim colimados foram atingidos, um a um.

Se bem me lembro, desde a mais tenra idade acalentei o desejo de um dia, quando crescesse, tornar-me advogado. E isso numa época em que meu torrão natal não dispunha de educandários além do nível elementar, situação que perdurou até minha adolescência.

Originário de lar de classe média, não foi sem algum sacrifício familiar que o jovem portador de grandes aspirações ingressou no Curso Ginasial como interno, primeiramente no Colégio União de Uruguaiana e após no Ginásio dos Irmãos Maristas, na Cidade de Santa Maria...O Pré-Jurídico foi realizado no Júlio de Castilhos, então colégio padrão do Estado. O Curso de Ciências Jurídicas e Sociais foi efetivado na Faculdade de Direito de Porto Alegre da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, classificado na honrosa posição de segundo colocado no Concurso Vestibular e igual posição em todo o Curso de Direito.

Na vida universitária exercemos os cargos de Vice-Presidente do Centro Acadêmico André da Rocha; Presidente da União Estadual dos Estudantes – UEE, este conquistado na 1ª eleição realizada, no Rio Grande do Sul, pelo voto direto, secreto e universal da classe; e, como coroamento, a Vice-Presidência da União Nacional dos Estudantes – UNE – alcançada em memorável Convenção Nacional realizada na Cidade do Rio de Janeiro, então Capital da República, mediante votação de acadêmicos de todo o Brasil! E tudo isso conquistado numa época em que unicamente os estudantes podiam falar mal do Governo, com poucas probabilidades de irem parar na cadeia. (E como se falava mal do Governo!)

Ainda perlustrando os bancos da velha e querida Faculdade de Direito da Av. João Pessoa, arriscamo-nos a concurso público de âmbito nacional: Inspetor Federal do Ensino Secundário, conseguimos aprovação em 21º lugar numa turma que só em Porto Alegre atingia mais de quinhentos candidatos.

Todavia, a nomeação, tão almejada, para enfrentar os primeiros e incertos anos da vida profissional, só chegaria treze anos mais tarde, quando, confesso, já não mais era esperada e nem mesmo necessária... Contudo, a experiência adquirida no exercício do cargo foi por demais útil e preciosa, tanto na primeira fase, na Inspeção do Ensino Secundário, quanto na segunda, a de Técnico em Educação, após reciclagem e reclassificação, supervisionando Faculdades e Escolas Superiores, bem como, desde a primeira fase, integrando ou presidindo Comissões de Inquéritos em diversos locais do Estado. Na época tivemos oportunidade de trabalhar desde Alegrete, Uruguaiana, Santana do Livramento, Santiago, São Francisco de Assis, São Gabriel, Santa Maria, São Borja, Ijuí, Venâncio Aires, Passo Fundo, Frederico Westfalem, Taquara, Canoas, na querida Cachoeira do Sul e finalmente em Porto Alegre, onde atuamos até chegar o momento da aposentadoria.

Mas precisamos registrar em rápidas pinceladas como foi a vida profissional.

Inicialmente difícil, como sói acontecer, salvo raras e honrosas exceções, a todo Bacharel, que apenas munido do tradicional canudo ousa lançar-se com exclusividade na labuta forense... Minha carreira profissional, no entanto, foi suavizada, pois recebi honroso convite para trabalhar com o grande e ilustre Advogado, Dr. Alberto Xavier, exímio conhecedor do Direito, cuja memória evoco com respeito e saudade, proclamando-o meu querido mestre da advocacia e inexcedível professor de Direito e de Prática Judiciária. Homem que jamais deixou de colocar os princípios éticos bem acima dos interesses materiais, fossem estes de toda e qualquer ordem de grandeza.

Meu caro Dr. Xavier, na mansão dos justos, onde certamente o senhor está agora, receba deste discípulo que jamais deixará de admirá-lo, o preito mais sincero de respeitosa saudade!...

No entanto, nem só Advogado, Inspetor de Ensino e Técnico em Assuntos Educacionais fomos ao longo dos anos em nossa terra Natal. Além de pecuarista e agricultor, por duas vezes – com expressivas votações – relevem a modéstia, tivemos a oportunidade de representar o povo Alegretense na Câmara de Vereadores, em cuja presidência, não sem algumas mágoas e muitos desenganos, encerramos nossa vida pública... Somos bem conscientes, todavia, de que o pouco que realizamos em todos setores de nossa atividade jamais poderia merecer a suprema honraria de ser proclamado Cidadão Emérito da Capital Gaúcha.

Efetivamente, acreditamos, com fé inabalável, que, se conseguimos atingir todos os nossos objetivos, foi tão somente porque sempre tivemos os pés no chão e nunca jamais ousamos almejar além do que era lícito esperar.

Justamente por isso, nobres Srs. Vereadores, é que neste instante encontramo-nos atônitos e perplexos com a grandiosidade da honraria que nos está sendo prestada.

Nós jamais acalentamos, nem poderíamos mesmo acalentar tão belo sonho, eis que bem conscientes éramos e somos de quão imerecida é a expressiva homenagem que ora nos é prestada...

Nem o fato de sermos portadores de uma longa vida profissional pautada pelos mais rigorosos parâmetros da dignidade e da honradez; nem o fato de uma vida funcional laboriosa e correta; nem o fato de mais de trinta anos dedicados a fazer o bem aos mais carentes e necessitados, mediante a militância ininterrupta no maior Clube de Serviços desinteressados do mundo inteiro: Lions Internacional, e nós ainda pelo fato de sermos originários das plagas da fronteira Oeste, do maior Município do Estado, que é o legendário Alegrete: terra de Mário Quintana, pátria adotiva de Rui Ramos, berço de Oswaldo Aranha, terceira Capital Farrapa, onde melhor funcionou o Governo da República Rio-grandense; nada disso, sem falsa modéstia, pode justificar a outorga, a um de seus mais obscuros filhos, do nobilitante título de cidadania do maior e mais importante núcleo urbano do Rio Grande: “a mui leal e valorosa Cidade de Porto Alegre”.

Insigne Sr. Presidente, nobres Vereadores, querido e ilustre Deputado Valdir Fraga, meus amigos aqui presentes, totalmente sufocado pela grandeza do gesto dos edis porto-alegrenses, permitam que transfira a honraria que me concede a Cidade da minha esposa; a Cidade onde nasceram meus filhos; Cidade que elegi para substituir meu torrão natal e onde desejo permanecer até o fim, permitam que transfira, eu dizia, a honra sem limites, ao meu berçário originário, à Capital Farrapa onde se escreveu e promulgou a Constituição Democrática da República Rio-grandense!...

Silêncio, silêncio, silêncio por favor! Estou ouvindo, originário das bandas do poente um tropel de cavalhada. Certamente são redivivos os heróis de 1935. Lançam riste, com Bento Gonçalves e David Canabarro na vanguarda que se aproximam deste augusto recinto.

Não em faina guerreira, mas em missão de paz. Eles visam tão-somente trazer a sua solidariedade e fazer eco com os agradecimentos que ora expressa este seu humilde descendente pela honraria recebida.

Aos nobres Vereadores da Capital do Rio Grande, o meu agradecimento pela honraria. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Srªs e Senhores, componentes da Mesa; nosso Cidadão Emérito, Sr. Nelcy, a presença de tantas pessoas no Plenário e nas galerias, familiares e amigos do nosso homenageado, é bastante para demonstrar o acerto desta Casa, quando aprovou, por unanimidade, o Título Honorífico de Cidadão Emérito ao nosso homenageado.

Nós queremos cumprimentar o Deputado Valdir Fraga e especialmente o Ver. Nereu D’Ávila pela iniciativa; cumprimentar especialmente o homenageado, registrar e agradecer a presença de todos.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h12min.)

 

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